Por Marcello Sampaio – Direto da Redação | GVPCom News | Especial Memória do Consumo
Ir ao supermercado nos anos 80 era uma verdadeira aventura. Para muitos brasileiros, esse momento ainda vive na memória com uma mistura de nostalgia e curiosidade. Sem a tecnologia que conhecemos hoje, a rotina de compras era completamente diferente. Os leitores de código de barras não existiam, os preços eram alterados manualmente por funcionários, e as etiquetas de papel podiam mudar de valor mais de uma vez no mesmo dia, por conta da inflação descontrolada da época.
Os produtos, muitos vendidos a granel, eram embalados na hora. Arroz, feijão e açúcar vinham em sacos de papel, pesados e anotados cuidadosamente no balcão. Os consumidores formavam longas filas e os caixas digitavam os preços um a um, usando calculadoras simples ou registradoras mecânicas.
Além das características operacionais, os anos 80 foram marcados por marcas e produtos que hoje são raridades ou simplesmente desapareceram das prateleiras. Quem viveu esse período se recorda com carinho do leite Parmalat na icônica caixinha azul, do Nescau com tampa de alumínio, do refrigerante Crush, dos biscoitos Skiny, do guaraná Taí e do sorvete Yopa, marcas que marcaram gerações.
Depoimentos: um olhar do passado
A aposentada Marli Fernandes, 68 anos, relembra as idas ao supermercado com carinho e um pouco de saudade.
“Era tudo muito simples. A gente fazia compra com caderneta de fiado e ficava feliz quando tinha uma promoção no jornal. Hoje é tudo muito rápido, mas perdeu um pouco o encanto de escolher cada produto com calma”, disse.
O comerciante José Aparecido da Silva, 72 anos, lembra da relação de confiança entre cliente e vendedor:
“Naquela época, o dono do mercado conhecia todo mundo. Se você não tivesse o dinheiro na hora, ele anotava na caderneta e a gente pagava no fim do mês. Não existia essa correria que vemos hoje.”
A influência da publicidade
Os jingles publicitários ajudaram a criar laços afetivos entre as famílias brasileiras e as marcas da época. Comerciais da Doriana, do sabão Arisco, do Café Seleto e do extinto banco Bamerindus ficaram gravados na memória coletiva. O rádio e a televisão, com comerciais simples e cativantes, eram os grandes influenciadores do consumo popular.
Uma época de desafios e simplicidade
Mesmo em meio a crises econômicas e a um cenário de inflação galopante, o ato de fazer compras era também um ritual familiar. Muitos produtos eram comprados com o dinheiro contado e, em tempos de escassez, a criatividade fazia parte da rotina das donas de casa.
Com a chegada da tecnologia, dos leitores de código de barras e das compras on-line, o que era um momento de convivência e troca passou a ser uma tarefa mais individual e objetiva. No entanto, para quem viveu aquela época, o supermercado dos anos 80 segue insubstituível.