Curitiba (PR), 30 de junho de 2025 – Suellen Cristina Cordeiro Badui, mulher presa após atear fogo em dois veículos do companheiro no bairro Guabirotuba, rompeu o silêncio nesta segunda-feira (30) e apresentou sua versão dos fatos em entrevista coletiva ao lado de seu advogado.
O caso ganhou repercussão nacional no último sábado (29), quando vídeos do incêndio se espalharam pelas redes sociais. Na ocasião, Suellen foi detida em flagrante, mas acabou liberada posteriormente mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
Durante a entrevista, ela afirmou que a ação foi resultado de um “surto emocional” causado por três anos de agressões físicas, psicológicas e patrimoniais que teria sofrido do companheiro.
“Fiz uns três ou quatro boletins de ocorrência, pedi medida protetiva, mas ele pagava fiança e saía pela porta da frente. Eu queria sair dessa relação, mas ele não aceitava. Tive um estopim. Assim como eu vou pagar pelo que fiz, quero que ele pague pelo que cometeu. Ele ia me matar a qualquer momento”, desabafou.
O advogado da mulher, Igor Ogar, ressaltou que ela tentou recorrer à Justiça diversas vezes e criticou o que classificou como descaso institucional. “Ela buscou ajuda e não teve a proteção necessária. O ato foi impensado, mas foi a única forma que ela encontrou de tentar frear a violência que sofria”, declarou. Segundo ele, o homem também teria registros policiais por agressões anteriores, inclusive contra outras mulheres.
A defesa ainda questiona o uso da tornozeleira eletrônica, alegando que a medida seria inadequada e constrangedora para uma mulher que afirma ter sido vítima de violência doméstica. “Vivemos numa sociedade machista. Suellen precisa de acolhimento e Justiça, não punição humilhante”, concluiu o advogado.
Reportagem: Marcello Sampaio
Imagens cedidas à redação