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Por Marcello Sampaio – com apoio da equipe de reportagem investigativa do Grupo GVPCom

O Brasil amanheceu nesta quinta-feira (28) sob o impacto de uma ofensiva sem precedentes. Uma força-tarefa com 1.400 agentes foi às ruas para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão contra empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro usadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

A operação, batizada de Carbono Oculto, é considerada a maior já realizada no país contra o crime organizado, tanto pelo volume de alvos quanto pela cooperação entre diferentes órgãos. Mais de 350 pessoas físicas e jurídicas estão na mira das autoridades, suspeitas de crimes que vão de lavagem de dinheiro e fraude fiscal a adulteração de combustíveis, estelionato e crimes ambientais.

As ações se estendem por oito estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.


UM SETOR INTEIRO SEQUESTRADO PELO CRIME ORGANIZADO

De acordo com investigações exclusivas apuradas pela equipe de reportagem investigativa do Grupo GVPCom, o PCC praticamente tomou de assalto o setor de combustíveis no Brasil.

Autoridades afirmam que qualquer empresa séria que tente atuar dentro da lei simplesmente não consegue competir diante da engrenagem criminosa montada pela facção.

O esquema revelado mostra atuação em todas as frentes:

  • Controle da importação e distribuição de metanol, nafta, gasolina, diesel e etanol;
  • Infiltração na estrutura portuária;
  • Transporte e logística próprios, com frota controlada pela facção;
  • Rede de postos de combustíveis e lojas de conveniência operados diretamente ou por empresas de fachada.

Em mais de 300 postos fiscalizados, foram detectadas irregularidades como bombas viciadas — onde o consumidor pagava por combustível adulterado ou em volume inferior ao registrado.


R$ 52 BILHÕES LAVADOS PELO PCC EM QUATRO ANOS

A Receita Federal revelou números estarrecedores: cerca de 1.000 estabelecimentos ligados ao PCC movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.

Somente os negócios investigados nesta fase da operação teriam movimentado R$ 30 bilhões, valor comparável ao PIB de cidades inteiras.

Para blindar os lucros, o PCC montou um sistema sofisticado de lavagem de dinheiro, que envolvia corretoras, fundos multimercados e imobiliários, fintechs e até maquininhas próprias de pagamento.

A estratégia incluía uso de múltiplas fintechs interligadas e de contas bolsão, dificultando qualquer rastreamento. Em alguns casos, a facção comprou instituições financeiras já estabelecidas para usá-las como fachada.

Além disso, criminosos investiram em ações e debêntures, misturando capital ilícito com ganhos da economia formal.


USINAS, PORTOS E O DOMÍNIO SOBRE O ÁLCOOL COMBUSTÍVEL

O PCC também expandiu sua atuação para a produção de álcool combustível, chegando a comprar usinas inteiras ou assumir empresas endividadas sem mudar a titularidade oficial.

Outro foco foi a importação de insumos. O porto de Paranaguá (PR) foi citado como ponto estratégico para entrada de metanol. Oficialmente, o produto deveria ir para os destinatários das notas fiscais, mas era desviado para distribuidoras e postos clandestinos.

O transporte irregular de metanol — substância inflamável e altamente tóxica — não apenas abastecia o crime, como também colocava em risco a segurança nas estradas.


A MAIOR MOBILIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA HISTÓRIA

A operação Carbono Oculto foi resultado de dois anos de investigações conjuntas, envolvendo um leque sem precedentes de instituições:

  • Ministério Público Estadual (Gaeco)
  • Ministério Público Federal
  • Polícia Federal
  • Receita Federal
  • Polícias Civil e Militar
  • Agência Nacional do Petróleo (ANP)
  • Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (Gaerfis)
  • Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo (Sefaz-SP)

Além da frente criminal, o Cira/SP (Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos) busca recuperar R$ 6 bilhões em tributos sonegados pelo esquema.


Reportagem especial produzida por Marcello Sampaio – com apoio da equipe de reportagem investigativa do Grupo GVPCom

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