Por Marcello Sampaio – Jornalista Especialista em Política
A CRISE QUE MEXEU COM O FUTURO DO PAÍS
Desde as eleições de 2022, o Brasil foi engolfado por uma crise constitucional: de um lado, acusa-se Jair Bolsonaro de arquitetar um golpe de Estado; de outro, críticos afirmam que o STF, liderado pelo ministro Alexandre de Moraes, forjou uma farsa judicial para silenciar adversários.
A pergunta que ecoa em Brasília, nas redes sociais e nas salas de estar é simples, porém devastadora: quem tentou derrubar a democracia brasileira?
LINHA DO TEMPO DA CRISE (2022–2025)
- Outubro de 2022 – Bolsonaro perde para Lula. País dividido, protestos se multiplicam.
- Dezembro de 2022 – surge uma minuta de decreto prevendo estado de defesa no TSE.
- 8 de janeiro de 2023 – Brasília é palco de depredação ao Congresso, STF e Planalto.
- 2023–2025 – prisões, bloqueio de contas, cassações e ações intensas do STF, rejeitadas por muitos como excessivas.
CRIMES APONTADOS E PENAS PREVISTAS
Acusações contra Bolsonaro e aliados (“Golpe”)
- Golpe de Estado: até 12 anos de prisão.
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: até 8 anos.
- Organização criminosa armada: até 3 anos.
- Incitação de animosidade entre Forças Armadas e instituições: até 4 anos.
Acusações contra STF e Alexandre de Moraes (“Farsa”)
- Abuso de autoridade (Lei 13.869/2019).
- Prevaricação e decisões sem devido processo.
- Prisão ilegal e censura de vozes políticas.
- Excesso de poder e centralização de inquéritos.
LISTA DE ENVOLVIDOS E “PRESOS POLÍTICOS”
Líderes acusados
- Jair Bolsonaro – réu, em regime domiciliar.
- Anderson Torres – ex-ministro da Justiça, indiciado.
- Walter Braga Netto – general e ex-ministro da Defesa, investigado.
- Mauro Cid – ex-ajudante de ordens, delator.
- Élcio Franco – militar e assessor, denunciado.
- Daniel Silveira – ex-deputado, preso por descumprir decisões judiciais.
Quem pode ser preso
- Ex-militares, policiais e articuladores que participaram das reuniões de planejamento.
- Autoridades acusadas de omissão, como Ibaneis Rocha, ex-governador do DF.
A CULPA DE ALEXANDRE DE MORAES
Críticos acusam Moraes de:
- Conduzir censura e prisões arbitrárias.
- Atuar como juiz, investigador e acusador ao mesmo tempo.
- Bloquear redes sociais e perseguir empresários por opiniões políticas.
- Recusar diálogo com o Senado sobre presos políticos.
Para seus defensores, ele apenas protegeu as instituições diante de uma ameaça real.
O QUE O POVO FALA
“Foi conspiração, não protesto.” – Coronel reformado Arnaldo Vieira, em depoimento à PF.
“Prenderam inocentes enquanto os verdadeiros articuladores seguem soltos.” – Ricardo Almeida, empresário de Brasília.
“O que vi em 8 de janeiro foi barbárie, não democracia.” – Maria do Carmo Ferreira, servidora pública do DF.
“O Supremo virou partido político e criminalizou protestos.” – Carlos Menezes, comerciante paulista.
IMPACTOS ECONÔMICOS NO BRASIL E NO MUNDO
No Brasil
- Crescimento do PIB em forte desaceleração (0,3% no 2º trimestre de 2025).
- Inflação e juros elevados, retraindo consumo e investimentos.
- Confiança empresarial em queda, risco de recessão persistente.
- Dívida pública crescente, afetando credibilidade externa.
No Mundo
- Tarifas de 50% impostas pelos EUA afetam café, siderurgia e aviação.
- Investidores estrangeiros cautelosos com instabilidade política e institucional.
- Setores estratégicos, como Embraer e commodities agrícolas, sofrem perdas.
O GRANDE DILEMA BRASILEIRO
O julgamento iniciado em setembro de 2025, com Bolsonaro e sete ex-colaboradores no banco dos réus, representa um marco histórico. Para uns, trata-se de um golpe real; para outros, de uma farsa judicial conduzida pelo STF.
Este confronto expõe o país a incertezas políticas, instabilidade econômica e uma polarização sem precedentes, enquanto o mundo observa atento.
A história dirá qual narrativa resistirá ao tempo e qual rumo o Brasil adotará.
Crédito: Marcello Sampaio – Jornalista Especialista em Política
Editorial de Opinião
ENTRE O GOLPE E A FARSA: O BRASIL REFÉM DAS PRÓPRIAS NARRATIVAS
Por Marcello Sampaio – Jornalista Especialista em Política
O Brasil está diante de uma encruzilhada histórica. Mais do que os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, mais do que as eleições de 2022 e mais até mesmo do que os julgamentos que hoje se arrastam no Supremo Tribunal Federal (STF), o que está em jogo é o fio de credibilidade da nossa democracia.
De um lado, temos a narrativa de que Jair Bolsonaro e seus aliados conspiraram para um golpe de Estado. Minutas de decretos, delações de militares e discursos inflamados são apresentados como prova de uma tentativa de ruptura institucional. De outro, temos a acusação de que Alexandre de Moraes e parte do Judiciário criaram um estado de exceção, criminalizando opositores e usando a lei como arma política.
O problema, caros leitores, é que ambos os lados parecem ter razão em partes – e nenhum deles está disposto a admitir sua parcela de culpa.
O bolsonarismo apostou na desconfiança das urnas e fomentou um clima de radicalização. O Supremo, em resposta, adotou medidas de força inéditas, muitas vezes sem o devido debate jurídico. O resultado é um país dividido, onde metade da população acredita ter sido vítima de um golpe frustrado, e a outra metade se vê prisioneira de uma farsa judicial.
A pergunta que devemos fazer é simples: quem ganha com esse cenário?
Certamente não é o povo brasileiro. Enquanto discutimos narrativas, seguimos com inflação pressionando a classe média, desemprego batendo às portas de milhares de famílias e investimentos internacionais retraídos pela instabilidade política.
As democracias morrem, dizem os historiadores, não apenas por golpes militares, mas também pelo desgaste contínuo da confiança nas instituições. É esse risco que corremos agora.
Cabe ao Congresso, à imprensa e à sociedade civil exigir transparência total. Que se investigue Bolsonaro e seus aliados, sim. Mas que também se investigue os limites do poder do STF. Nenhuma instituição deve pairar acima da Constituição.
O futuro do Brasil dependerá menos de quem vencer essa disputa narrativa e mais da capacidade de nossas instituições reencontrarem o equilíbrio perdido. Se não houver um pacto mínimo de reconstrução democrática, estaremos condenados a viver reféns de versões, e não de fatos.
E um país que não consegue distinguir fatos de narrativas não governa a si mesmo.
Marcello Sampaio – Jornalista Especialista em Política