Por Marcello Sampaio — Especial para o Portal GVPCom News
A história de Rozelia Maria Martins Caldas, de 50 anos, é mais do que um número na estatística de feminicídios no Paraná. É uma vida interrompida por um crime brutal que abalou a cidade de Araucária e comoveu todo o estado. O caso que gerou comoção e revolta finalmente chegará ao seu desfecho jurídico no próximo dia 3 de julho, quando os acusados serão levados a julgamento pelo Tribunal do Júri de Araucária.
A seguir, o GVPCom News apresenta uma linha do tempo dos acontecimentos e traz depoimentos de pessoas próximas à vítima.
Linha do Tempo: o caso Rozelia Caldas
Antes do crime: um histórico de ameaças
Rozelia viveu durante 30 anos ao lado de José Dirceu de Caldas, hoje com 61 anos. Após o fim do casamento, o ex-marido jamais aceitou a separação e passou a fazer ameaças constantes contra a empresária. Amigos e familiares relatam que Rozelia chegou a procurar ajuda, mas como em muitos casos de violência doméstica, temia a reação do agressor.
“Ela dizia que não queria fazer boletim de ocorrência porque tinha medo do que ele poderia fazer com ela e com a família”, conta uma amiga próxima que preferiu não se identificar.
Dias antes do crime, José Dirceu enviou diversas mensagens ameaçadoras à ex-esposa. As ameaças ganharam intensidade quando ele soube que Rozelia estava em um novo relacionamento e havia viajado com o namorado ao Mato Grosso no final de semana anterior ao crime.
A noite do crime: 7 de janeiro de 2023
Na madrugada de sábado, 7 de janeiro de 2023, Rozelia foi assassinada em frente ao portão principal da Repar, no bairro Jardim Alvorada, em Araucária. De acordo com a investigação, ela estava em um veículo e, em desespero, desceu correndo pedindo socorro, mas foi alvejada com dois tiros, vindo a óbito no local.
Segundo o inquérito policial, o ex-marido José Dirceu não agiu sozinho. Jonatas Caldas, ex-enteado de Rozelia, também foi indiciado como coautor do feminicídio. Ambos foram presos preventivamente logo após o crime e permaneceram detidos durante todo o andamento do processo.
Após o crime: comoção e luta por justiça
A morte de Rozelia causou grande comoção em Araucária. Natural de Pinhão, no interior do Paraná, ela era uma empresária bastante conhecida e respeitada. Era sócia-proprietária da tradicional cafeteria Le Caffe e fundadora, junto com a família, da Hamburgueria Calça Quadrada, estabelecimentos de sucesso na cidade.
“Era uma mulher batalhadora, querida por todos. Trabalhava muito para cuidar da família e não merecia esse fim tão cruel”, relata uma funcionária da cafeteria.
Familiares de Rozelia também expressam sua dor e a dificuldade de conviver com a perda. “Ainda é difícil acreditar que tudo isso aconteceu. Ela era nosso alicerce. Hoje só pedimos justiça”, declarou uma das irmãs da vítima.
Próximos passos: o julgamento
O julgamento de José Dirceu e Jonatas Caldas está marcado para o dia 3 de julho de 2025, no Tribunal do Júri de Araucária. Os dois réus irão responder pelo crime de feminicídio consumado, homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.
O Ministério Público do Paraná sustenta a tese de homicídio premeditado, com participação ativa de ambos os acusados. Já as defesas devem tentar sustentar versões divergentes, mas os autos do processo indicam que o planejamento e a execução do crime foram conjuntos.
A memória de Rozelia: não esquecida
O nome de Rozelia integra o Memorial de Vítimas de Feminicídio no Paraná – 2023, organizado pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM). Mais do que uma estatística, sua história permanece como símbolo da luta contra a violência de gênero.
“Ela faz falta todos os dias. Nossa única esperança é que a justiça seja feita, para que outros casos como o dela não se repitam”, afirma uma amiga da família.
A sociedade acompanha o caso com expectativa e esperança de que a justiça finalmente traga algum alívio à dor daqueles que perderam Rozelia de forma tão brutal.
Reportagem: Marcello Sampaio — Portal GVPCom News | Editorial Polícia em Ação