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Por Marcello Sampaio – Policia em Ação


A tranquilidade da Rua Pinguim, no bairro Capela Velha, em Araucária, foi rompida na noite de domingo (31/08) por uma sequência de estampidos que lembravam fogos de artifício, mas que logo se confirmaram como tiros. Por volta das 23h30, moradores ouviram rajadas vindas de uma distribuidora de bebidas.

Dentro do estabelecimento, Alan Felipe da Silva Galvão, 16 anos, tombava sem vida, vítima de múltiplos disparos de arma de fogo. Segundo relatos, um veículo SUV preto parou em frente ao comércio. De dentro, quatro homens armados desceram e abriram fogo contra a vítima, sem dar chance de defesa.

A cena foi de desespero: pessoas gritando, correndo para se proteger e comerciantes tentando se esconder atrás dos balcões. O atendimento do Corpo de Bombeiros e do SAMU foi imediato, mas nada pôde ser feito. O jovem morreu no local.


QUEM ERA ALAN FELIPE DA SILVA GALVÃO

Alan era um adolescente conhecido no bairro. Filho de Rosiclea da Silva, vivia no bairro Porto das Laranjeiras e, segundo familiares, sonhava em trabalhar com tecnologia. Sua morte brutal abre mais uma página sangrenta nos registros criminais de Araucária, que nos últimos meses tem convivido com uma onda crescente de execuções sumárias.

No momento dos disparos, duas pessoas estavam dentro da distribuidora junto com Alan: Lucas B., 20 anos, e N. M, 21 anos.

Lucas, ainda abalado, contou:

“Foi muito rápido. O carro parou, os caras desceram já atirando. Não deu nem tempo de entender o que estava acontecendo. Só vimos o Alan cair e corremos para nos proteger. Parecia cena de filme de guerra.”

Nicolly, em choque, acrescentou:

“A gente estava conversando, tomando refrigerante, quando tudo começou. Foi um barulho ensurdecedor. Eu só consegui gritar e me abaixar. Nunca pensei passar por isso.”


ARAUCÁRIA SOB FOGO CRUZADO

Esse não foi um caso isolado. Segundo levantamento feito com base em dados da Guarda Municipal e Polícia Civil, homicídios em Araucária cresceram 38% em 2025, com destaque para os chamados “crimes de queima de arquivo”. Esses crimes são caracterizados por execuções rápidas, geralmente ligadas ao tráfico de drogas, onde vítimas potenciais de delação ou rivalidade são eliminadas sem piedade.


TRÁFICO, INVASÕES E O NOVO MAPA DO CRIME

Autoridades apontam que o fenômeno se agrava por outro fator: a migração de moradores vindos de municípios vizinhos, que se instalam em terrenos invadidos e áreas irregulares de Araucária. Muitas dessas regiões acabam sendo dominadas por facções criminosas que aproveitam a falta de regularização para transformar os bairros em corredores do tráfico.

“Esses locais se tornam zonas de difícil acesso. Ali o tráfico manda mais que o Estado”, relata um investigador.


O QUE DIZEM OS COMERCIANTES

Na distribuidora onde Alan foi morto, o comerciante dono do ponto, que preferiu não se identificar, desabafou:

“A gente vive com medo. Qualquer dia pode ser a gente, pode ser nosso cliente, pode ser alguém da família. O comércio está sendo sufocado pela violência. Muitos pensam em fechar as portas.”

Outro comerciante da Avenida Curitiba acrescentou:

“Aqui não tem mais sossego. O cliente vem, olha para os lados, compra rápido e vai embora. O movimento caiu porque o povo não quer mais sair de casa à noite.”


A POPULAÇÃO SE SENTE ABANDONADA

Em conversas com moradores, o sentimento é unânime: medo. Uma moradora do bairro Passaúna afirmou:

“Vivemos sitiados pelo medo. Nossos filhos não podem brincar na rua, porque a qualquer momento pode acontecer um tiroteio.”

Outro relato veio de um jovem estudante:

“A violência virou rotina. A gente escuta tiro e já sabe que é mais um morto. É triste dizer isso, mas já não surpreende ninguém.”


OPERAÇÃO PROMETIDA

Diante da escalada, forças de segurança anunciaram que, nos próximos dias, Araucária receberá uma megaoperação contra o tráfico de drogas. A ação envolverá diversas frentes, com objetivo de prender criminosos e sufocar as organizações que vêm controlando áreas inteiras da cidade.


UM DETALHE IGNORADO: A VENDA DE SEDAS

Moradores também chamam atenção para um ponto polêmico: a venda de sedas em estabelecimentos comerciais. Para eles, esse produto, utilizado principalmente para o consumo de maconha, deveria ser proibido.

Um pai de família declarou:

“É um absurdo vender seda em qualquer bar ou mercearia. É como dar munição para o vício. Se proibissem, já seria um passo contra essa onda de drogas.”


REFLEXÃO FINAL

O assassinato de Alan Felipe da Silva Galvão não é apenas mais um número nas estatísticas. É um grito de alerta. Araucária, cidade que já foi símbolo de desenvolvimento, hoje se vê refém de facções, de invasões urbanas e de um poder paralelo que desafia o Estado.

Enquanto isso, comerciantes fecham suas portas mais cedo, moradores se trancam em casa e famílias choram seus mortos. O futuro da cidade depende da capacidade das autoridades em cumprir a promessa de enfrentar esse novo cenário.


📌 Créditos da reportagem: Marcello Sampaio

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