Inventor do primeiro piano desmontável do país, mestre construtor e criador de mais de 8 mil instrumentos, Trevisan sonha agora com o primeiro Museu do Piano do Brasil
Curitiba (PR) – Aos 96 anos recém-completados, o italiano naturalizado brasileiro Caetano Primo Trevisan recebe mais do que parabéns: ganha o reconhecimento por uma vida dedicada à música, à engenharia artesanal e à cultura brasileira. O Grupo GVPCOM, por meio de seu CEO e presidente Marcello, prestou homenagem ao mestre na última quarta-feira (6), destacando seu papel fundamental na preservação e inovação do piano no Brasil.
Trevisan foi o responsável pela produção de mais de 8.800 pianos na lendária Fábrica Schneider, que liderou por mais de quatro décadas. Mais do que fabricar instrumentos, Caetano revolucionou o setor: criou máquinas próprias, como uma que cortava teclas com precisão milimétrica, e foi o inventor do primeiro piano desmontável do Brasil, permitindo transporte fácil até em quitinetes e apartamentos altos.
“Tenho pressa. Sinto pânico toda vez que ouço falar em ferro-velho”, costuma dizer, referindo-se ao medo de ver suas criações virarem sucata. Hoje, sonha em transformar sua antiga fábrica em um Museu do Piano, onde jovens e crianças possam acompanhar, passo a passo, o nascimento de um piano – do corte da madeira ao toque final.
“Seu Caetano é daqueles homens que fazem a ponte entre o passado e o futuro”, afirmou o CEO Marcello. “A história da Fábrica Schneider é um capítulo precioso da nossa cultura e economia. Aos 96 anos, ele segue sonhando e construindo.”
A trajetória de Caetano começou em 1951, quando chegou a Curitiba. Oito anos depois, começou a trabalhar numa dissidência da tradicional Essenfelder. Mesmo sem ter construído um piano antes, confiava plenamente no próprio instinto técnico — e, com ele, engoliu o piano inteiro, como costuma brincar. Combinou matemática, marcenaria, acústica e sensibilidade artística. O resultado é um legado ainda vivo, tocado em salas de concerto e salas de estar do Brasil e do mundo.