Por Marcello Sampaio – GVPCom News | Editorial: Polícia em Ação
O crime que chocou Curitiba e a Região Metropolitana no início de junho continua a gerar revolta e indignação entre as autoridades e a população. Um motorista de aplicativo, de 47 anos, foi sequestrado, brutalmente agredido e jogado da ponte sobre o Rio Iguaçu, no limite entre Curitiba e Fazenda Rio Grande. Mesmo ferido e ilhado em uma área de entulhos no meio do rio, ele sobreviveu após passar a madrugada gritando por socorro e foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros com sinais graves de hipotermia.
O crime
A ocorrência aconteceu na noite de terça-feira (3). O motorista foi rendido por ao menos três criminosos que haviam solicitado uma corrida por aplicativo. Durante o trajeto, o grupo anunciou o assalto, agrediu a vítima com coronhadas na cabeça e assumiu o controle do veículo. Sob forte ameaça, o motorista foi obrigado a fornecer senhas bancárias.
Não satisfeitos com o roubo, os assaltantes levaram a vítima para um cativeiro, onde seguiram exigindo dados financeiros. Frustrados por não conseguirem movimentar as contas bancárias do motorista, os criminosos decidiram executar o plano mais cruel: amarraram o trabalhador e o jogaram da ponte no Rio Iguaçu, acreditando que ele morreria.
De acordo com a Polícia Militar, os criminosos ainda efetuaram pelo menos três disparos contra a vítima, mas nenhum deles a atingiu. Mesmo com o impacto da queda, o motorista caiu sobre uma ilha de lixo no meio do rio, o que salvou sua vida.
“Ele já se encontrava no meio do rio quando chegamos. Estava ilhado, extremamente debilitado e com muito frio. Conseguimos realizar o resgate com cordas. Foi um verdadeiro milagre ele ter sobrevivido sem fraturas graves”, relatou o sargento Sérgio, do Corpo de Bombeiros.
O resgate
A vítima passou aproximadamente seis horas no local. Os gritos de socorro começaram a ser ouvidos por moradores da região nas primeiras horas da manhã de quarta-feira (4), o que motivou o acionamento do socorro. O motorista foi levado imediatamente ao hospital com sinais severos de hipotermia, mas sem lesões permanentes.
Enquanto a polícia atendia a ocorrência, familiares da vítima relataram que haviam passado a madrugada procurando por ele após o desaparecimento por volta das 23h do dia anterior. O carro foi encontrado abandonado e parcialmente destruído na região do Ganchinho, em Curitiba.
Investigação e operação policial
A Polícia Civil intensificou as investigações e, dias depois, realizou uma operação no bairro Sítio Cercado para cumprimento de mandados de prisão, internação e busca e apreensão contra quatro suspeitos, incluindo dois adolescentes. Parte dos investigados foi localizada, mas Pablo Amorim da Silva e Renan Covalski Martins Lima conseguiram fugir e foram considerados foragidos por vários dias.
Os crimes investigados incluem tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte), extorsão e corrupção de menores.
Vídeos de câmeras de segurança foram essenciais para elucidar o caso, mostrando os criminosos circulando com o carro da vítima e utilizando seus cartões para realizar compras em estabelecimentos da região.
Liberação dos suspeitos gera indignação
No sábado (28), a Justiça concedeu liberdade provisória a Pablo Amorim da Silva e Renan Covalski Martins Lima, por um período de 90 dias, com uso de tornozeleira eletrônica. A decisão gerou revolta entre a população e autoridades policiais.
Segundo a defesa dos suspeitos, ambos se apresentaram voluntariamente à polícia e colaboraram com as investigações. “Eles entregaram a arma utilizada no crime e forneceram informações cruciais para a conclusão do inquérito”, afirmou a advogada Dany Mulinari.
Por conta dessa colaboração, a prisão preventiva não foi solicitada. “A Justiça entendeu que, como não foram os únicos envolvidos e como houve colaboração com o delegado responsável, eles podem responder em liberdade, monitorados eletronicamente”, completou a defesa.
Reação das autoridades e da população
A liberação dos suspeitos causou forte indignação. “Estamos diante de um crime bárbaro, que por pouco não resultou em homicídio. Jogar uma pessoa viva de uma ponte, além das agressões, demonstra total desprezo pela vida. É inaceitável que esses indivíduos estejam de volta às ruas tão rapidamente”, comentou um oficial da Polícia Militar que acompanhou o caso.
Entre os moradores da região, a sensação é de insegurança e impunidade. “Minha família inteira ficou apavorada com esse crime. Ver esses criminosos soltos é um desrespeito com todas as vítimas de violência. Eles deveriam estar presos, e a Justiça precisa rever isso”, disse um morador de Fazenda Rio Grande.
O cunhado da vítima também desabafou: “Passamos a madrugada em desespero, achando que ele estava morto. Quando soubemos que ele foi encontrado com vida, foi um alívio, mas agora ver que os suspeitos estão soltos revolta a família.”
O caso segue em investigação
A Polícia Civil segue investigando a participação de outros envolvidos, incluindo os adolescentes. Os investigadores apuram se os criminosos participaram de outros roubos semelhantes na região.
Enquanto isso, o motorista de aplicativo segue em recuperação e já prestou depoimento completo sobre o caso. A população cobra rigor da Justiça e punição exemplar aos responsáveis por este crime brutal que quase tirou a vida de um trabalhador honesto.