Por Marcello Sampaio – GVPCom News
Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, foi identificado como o jovem morto após ser brutalmente agredido por terceirizados do Super Muffato, no bairro Portão, em Curitiba. O caso aconteceu no feriado de Corpus Christi, dia 19 de junho, e vem gerando grande repercussão na capital paranaense. A identidade da vítima foi confirmada nesta segunda-feira (23) pelo delegado Thiago Filgueiras, da Delegacia de Homicídios de Maior Complexidade (DHMC).
Boschen tinha apenas uma anotação por posse de drogas para consumo próprio e não possuía histórico criminal. Ele residia no bairro Pinheirinho. De acordo com a Polícia Civil, até a tarde desta segunda-feira (23), a família ainda não havia realizado o reconhecimento formal do corpo no Instituto Médico Legal (IML).

O crime e as agressões
Testemunhas registraram, por meio de um vídeo de celular, o momento em que três homens carregavam Rodrigo já desacordado. Nas imagens, é possível ouvir um deles questionar se o rapaz já estaria morto. O grupo trocava informações pelo radiocomunicador e fazia referência a um golpe mata-leão e a uma suposta pedrada que teria atingido a vítima.
Antes de ser violentamente agredido, Rodrigo foi perseguido por dois funcionários (um deles terceirizado) do supermercado após ser acusado de furtar chocolates. Um motociclista que passava pelo local também participou das agressões.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por uma testemunha e chegou ao local às 21h48. A morte foi constatada no próprio local. O corpo foi encaminhado ao IML às 23h49 daquele dia. Segundo documentos obtidos pela reportagem, Rodrigo apresentava lesões no pescoço e na face, mas a causa exata da morte ainda está sendo apurada.
Investigação
O delegado Thiago Filgueiras informou que três suspeitos foram presos. Dois deles continuam detidos e um, o motociclista, foi liberado provisoriamente. A Polícia Civil segue investigando para esclarecer quem foi o responsável direto pela morte.
“Estamos apurando minuciosamente a conduta individual de cada envolvido. A filmagem mostra claramente os três abandonando o corpo em via pública. O inquérito deve ser concluído nos próximos dias”, afirmou o delegado.
Nota do Super Muffato
O Super Muffato divulgou nota oficial em que afirma “repudiar veementemente qualquer ato de violência” e ressaltou que seus protocolos de segurança preveem “ações de contenção não violentas e restritas às dependências da loja”.
A empresa também declarou que, conforme as informações apuradas até o momento, a agressão fatal não foi iniciada por funcionários diretos ou terceirizados, mas sim por um terceiro que passava pelo local.
O grupo disse ainda que está colaborando integralmente com as autoridades policiais e reforçou que se trata de um fato isolado, que ocorreu fora das dependências da loja.
Até o momento, o Super Muffato não respondeu se manterá o contrato com a empresa de segurança Rota, responsável por empregar um dos suspeitos envolvidos no crime. A empresa Rota também não se manifestou sobre a conduta dos seus funcionários ou sobre a situação contratual dos mesmos após o ocorrido.
Manifestação e polêmica envolvendo o deputado Renato Freitas
O caso ganhou novos contornos após o deputado estadual Renato Freitas (PT) convocar um manifesto nas redes sociais e, segundo críticos, incitar a população a praticar atos de vandalismo contra a unidade do supermercado.
Vídeos amplamente divulgados mostram o parlamentar utilizando palavras de ordem que, segundo especialistas em segurança pública, podem ser interpretadas como apologia ao quebra-quebra e incentivo à desordem social.
Durante a manifestação, Renato Freitas fez discursos inflamados e, em diversos momentos, teria insuflado os participantes a “fazer justiça com as próprias mãos”, direcionando as falas contra o Muffato. O evento reuniu manifestantes que chegaram a tentar forçar a entrada no supermercado.
Juristas ouvidos pelo GVPCom consideram que o comportamento do deputado pode configurar abuso de prerrogativa parlamentar e, dependendo da evolução dos fatos, pode gerar responsabilização jurídica por incitação à violência e dano ao patrimônio privado.
Até o momento, Renato Freitas não se pronunciou formalmente sobre as acusações de incentivo à violência, apesar da ampla circulação dos vídeos em redes sociais.
Oportunismo político?
O episódio reacendeu o debate sobre os limites da atuação política e o risco de que casos de comoção social sejam usados como palanque para agendas pessoais. Para alguns analistas, a postura do deputado ultrapassou os limites do protesto legítimo e flertou com a irresponsabilidade, ao incitar atos que poderiam ter colocado a segurança de outras pessoas em risco.
As investigações sobre o homicídio de Rodrigo Boschen e sobre os desdobramentos políticos e jurídicos do caso seguem em andamento.