Por Marcello Sampaio – GVPCom News
Curitiba, capital reconhecida nacionalmente pelo seu modelo de urbanismo e mobilidade, ainda enfrenta um velho inimigo nas ruas: a imprudência no trânsito, alimentada em muitos casos pela combinação perigosa de direção e consumo de álcool. Para combater essa realidade, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) reforçou sua presença com mais uma edição da Operação Lei Seca, realizada na noite desta terça-feira (17) em três pontos estratégicos da cidade.
Mais do que uma simples blitz de rotina, a ação envolveu cerca de 40 agentes de segurança pública, incluindo policiais militares do BPTran, equipes da Guarda Municipal e apoio do 13º Batalhão da PM. A operação teve como foco a fiscalização rigorosa de motoristas sob efeito de álcool, mas também revelou um cenário preocupante envolvendo irregularidades, delitos e despreparo de condutores.
Locais estratégicos e histórico de acidentes
Os três pontos escolhidos para a ação são locais que, segundo levantamento do próprio BPTran, apresentam alto índice de acidentes e grande fluxo de veículos nos horários de pico. As regiões exatas não foram divulgadas por motivos operacionais, mas segundo fontes ligadas ao planejamento, incluíam vias estruturais de ligação entre bairros e áreas de acesso ao centro da capital.
“A escolha dos locais não é aleatória. Trabalhamos com dados de acidentes, denúncias de moradores e inteligência policial. São pontos sensíveis da malha viária de Curitiba”, revelou um agente que participou da operação.
Os números da força-tarefa
Durante a ação, as equipes abordaram 119 pessoas e 102 veículos. Foram realizados 35 testes de bafômetro, o que levou à detecção de dois casos de embriaguez com desdobramentos criminais:
- Um motorista foi autuado por embriaguez ao volante e conduzido à Delegacia de Delitos de Trânsito.
- Outro foi encaminhado à Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos por adulteração de sinal identificador do automóvel.
Além das prisões, a operação flagrou diversas infrações administrativas:
- 3 veículos com licenciamento vencido;
- 1 motorista não habilitado;
- 1 condutor que permitiu que uma pessoa sem habilitação dirigisse.
Quatro veículos — dois carros e duas motocicletas — foram recolhidos ao pátio do BPTran.
“O crime se desloca sobre rodas”
A frase foi dita pelo capitão Bruno Franceschet, que explicou que as ações do BPTran têm foco duplo: prevenir acidentes e também conter práticas criminosas ligadas ao trânsito.
“O crime muitas vezes se desloca sobre rodas. Em várias edições da operação, já encontramos veículos com alerta de furto, transporte de entorpecentes, armamentos e outros tipos de ilícitos. Por isso nossa abordagem é tanto administrativa quanto criminal”, afirmou o capitão.
Segundo ele, a operação desta terça contou com módulo móvel de monitoramento, motos de interceptação e viaturas estrategicamente posicionadas para evitar tentativas de fuga.
A imprudência ainda é regra, não exceção
Apesar das campanhas de conscientização e leis mais rígidas, o comportamento de parte dos motoristas curitibanos ainda desafia o senso de responsabilidade. A cada operação, as forças de segurança encontram um número preocupante de irregularidades.
“Há uma falsa sensação de impunidade no trânsito. Muita gente ainda dirige sem habilitação, com documentação vencida ou sob influência de álcool, como se nada fosse acontecer. Infelizmente, os acidentes são a consequência direta dessa mentalidade”, comentou um policial que prefere não se identificar.
Mobilização contínua
O tenente-coronel Leandro Ribas, comandante do BPTran, garantiu que operações como essa continuarão a ser realizadas em Curitiba ao longo do ano.
“O trânsito seguro depende de presença constante das forças policiais. Vamos manter o calendário de operações em diferentes pontos da cidade, de forma estratégica e ininterrupta”, afirmou.
Ele reforçou ainda que a parceria com a Guarda Municipal e outros batalhões da PM fortalece a capacidade de fiscalização e amplia o alcance da ação em bairros periféricos e regiões mais afastadas do centro.
A importância da Lei Seca no contexto urbano
Desde a sua criação em 2008, a Lei Seca tem sido uma das ferramentas mais efetivas na redução de acidentes com vítimas fatais no Brasil. Em Curitiba, o impacto também é notável: após edições intensivas da operação, os dados de mortalidade caem significativamente em avenidas de alto risco.
Porém, especialistas apontam que a continuidade das fiscalizações e o engajamento da população são essenciais para consolidar a mudança de comportamento.
“A Lei Seca não é só para punir. É uma medida de educação, de valorização da vida. Quando o motorista vê a blitz, ele pensa duas vezes antes de beber. Essa consciência coletiva ainda está em construção”, avalia o urbanista Rafael Montenegro, consultor em mobilidade urbana.
Compromisso com a informação e a vida
O GVPCom News e o Jornal Tribuna da Cidade, em parceria com as Rádios Onda Nova (Araucária, Cornélio Procópio e Camboriú), reforçam seu compromisso em divulgar ações que protejam a população e estimulem a cidadania.
Essas operações não apenas coíbem condutas perigosas, mas ajudam a construir uma cultura de responsabilidade coletiva no trânsito.
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Reportagem de: Marcello Sampaio
Curitiba, 18 de junho de 2025