Reportagem Especial — Marcello Sampaio | GVPCom News
Fonte: GVPCom News / Assessoria EPR Iguaçu
A EPR Iguaçu, concessionária responsável pelo Lote 6 das Rodovias Integradas do Paraná, anunciou na última sexta-feira (13) a aplicação de duas modalidades de desconto nas tarifas de pedágio da BR-277, que corta as regiões oeste e central do estado. As reduções podem chegar a até 98% do valor da tarifa para usuários frequentes — além da isenção total para motociclistas.
No entanto, o anúncio, feito antes mesmo da definição das tarifas e da data de início da cobrança, gerou reações mistas entre os usuários das rodovias. Motoristas ouvidos pela reportagem reconhecem o esforço de trazer benefícios, mas questionam a durabilidade e a real efetividade das medidas.
Como funcionam os descontos
A proposta de descontos exige que o motorista possua uma tag eletrônica instalada no para-brisa, vinculada a operadoras privadas de pedágio automático.
Desconto Básico de Tarifa (DBT)
- 5% de desconto automático em qualquer viagem, independente da frequência.
- Desconto para Usuários Frequentes (DUF)
- Exclusivo para veículos leves.
- Descontos crescem progressivamente a cada nova viagem no mesmo sentido e na mesma praça de pedágio.
- Após a 30ª viagem no mês, o usuário atinge a tarifa mínima congelada.
- A contagem de viagens é zerada a cada novo mês.
A concessionária também promete disponibilizar em breve um simulador online, para que o usuário calcule quanto pagará de acordo com o número de viagens.
Rodovias abrangidas no Lote 6
O Lote 6 é o maior bloco de concessão do novo programa federal em parceria com o Paraná. Ao todo, são 662 km de rodovias federais e estaduais:
- Federais: BR-163 e BR-277
- Estaduais: PR-158, PR-180, PR-182, PR-280 e PR-483
A promessa do modelo é garantir melhorias na malha viária, segurança e fluidez no tráfego.
A voz da população: “A conta vai fechar para quem?”
Apesar da previsão de descontos agressivos, muitos motoristas ouvidos pelo GVPCom News demonstram desconfiança e preocupação com o futuro da concessão.
🎙 Carlos Mendes, caminhoneiro de Foz do Iguaçu:
“Sempre que começa, vem com desconto. O problema é saber por quanto tempo isso dura. Depois de um ano, dois, eles começam a pedir revisão de contrato, querer aumento, aí o povo paga a conta.”
🎙 Eliane Souza, moradora de Cascavel, usuária diária da BR-277:
“Para quem trabalha todo dia na rodovia pode até valer a pena. Mas quem usa esporadicamente vai acabar pagando o pedágio cheio. No fim, sempre quem usa pouco sai perdendo.”
🎙 Fernando Ortiz, empresário de Medianeira:
“Se houver melhoria de verdade nas rodovias, sinalização, atendimento rápido em caso de acidente e pista de qualidade, o pedágio se paga. Agora, se for só para cobrar, como foi no passado, não adianta.”
A pergunta que fica: até quando?
Especialistas em contratos de concessão rodoviária alertam que, embora o modelo de descontos progressivos traga um alívio inicial, há cláusulas de revisão periódica dos contratos que podem resultar em reajustes tarifários no futuro, a depender de custos operacionais e investimentos adicionais solicitados pelas concessionárias.
Sem a divulgação dos valores iniciais de tarifa, a população aguarda com expectativa — e cautela — para entender o real impacto no bolso do usuário.
Governo promete fiscalização rigorosa
O Governo Federal e o Governo do Paraná afirmam que o novo modelo de concessão prevê maior transparência, controle social e participação de órgãos de fiscalização para evitar os abusos ocorridos em concessões anteriores.
Segundo o Ministério dos Transportes, a meta é garantir eficiência na prestação de serviço, com menor tarifa média e obras entregues nos prazos contratuais.
Reportagem: Marcello Sampaio — GVPCom News
Fonte: GVPCom News / Assessoria EPR Iguaçu