Por Marcello Sampaio – Direto da Redação Política em Pauta – GVPCom News
Foz do Iguaçu, 11 de junho de 2025 —
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), que não participou de qualquer articulação golpista após as eleições de 2022. Durante seu relato, classificou de “malucos” os próprios apoiadores que organizaram acampamentos em frente a unidades militares pedindo intervenção das Forças Armadas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República.
Bolsonaro negou ter incentivado ações antidemocráticas e declarou ter atuado para conter movimentos de caminhoneiros que, na época, defendiam a ruptura institucional.
“Agi dessa maneira. Agora, por favor, doutor Paulo Gonet, eu não torci para o pior. Se eu tivesse torcido para o pior, não teria desmobilizado os caminhoneiros lá atrás e, talvez pela minha figura, o pessoal não fez absurdo”, afirmou Bolsonaro, respondendo ao procurador-geral da República.
Apesar da negativa, durante o período pós-eleitoral, o então presidente foi amplamente acusado de estimular a instalação e manutenção dos acampamentos golpistas, que culminaram nos atos de vandalismo e invasão aos prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
“Agora, tem sempre uns malucos ali que ficam com aquela ideia, de AI-5, intervenção militar, que as Forças Armadas, os chefes militares jamais iam embarcar nessa, porque o pessoal estava pedindo ali, até porque não cabia isso aí e nós tocamos o barco. Então, me desculpa, respeitosamente, vossa excelência, nós não estimulamos nada de anormal”, completou.
Durante o seu mandato, Jair Bolsonaro foi protagonista de uma série de episódios de enfrentamento institucional: desafiou o Supremo Tribunal Federal, colocou em dúvida a lisura das urnas eletrônicas e incentivou seus apoiadores com declarações e teorias que alimentavam a possibilidade de contestação do resultado eleitoral.
Em meio às investigações, Bolsonaro já admitiu ter se reunido com militares e aliados para discutir maneiras de intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular a vitória de Lula.
Atualmente inelegível até pelo menos 2030, Bolsonaro enfrenta processos em diversas frentes judiciais. No Supremo Tribunal Federal, responde como réu acusado de liderar uma organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência, grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. Se condenado, a pena pode ultrapassar 40 anos de prisão.
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