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Por Marcello Sampaio | GVPCom News

O samba é mais do que uma expressão artística. É resistência, é memória viva, é ponte entre gerações. Nascido nos terreiros e enraizado na ancestralidade negra, o samba percorreu vielas, cruzou fronteiras e transformou-se em trilha sonora da cultura popular brasileira. Embora muitos o associem exclusivamente ao Rio de Janeiro ou à Bahia, é no Paraná — com sua diversidade geográfica, social e cultural — que o samba também encontra terreno fértil para pulsar.

Na capital Curitiba, em cidades do interior como Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Cascavel, e nas paisagens litorâneas de Paranaguá, Matinhos e Guaratuba, o samba segue firme. Ele não apenas sobrevive, mas floresce, entrelaçado às histórias de famílias, comunidades e coletivos que fazem do ritmo uma forma de celebrar a vida, resistir à exclusão e manter vivas tradições profundamente brasileiras.

Em Curitiba, a cena sambista desafia os estereótipos da cidade fria e reservada. Bares, quintais e praças se transformam em templos da alegria, onde a batida do tamborim aquece até as noites mais geladas. O Tal do Quintal, no São Francisco, é exemplo disso: com jeitão de casa de vó e alma boêmia, o espaço mistura boteco e quintal em noites de samba ao vivo e muita descontração. Já o Bossa Bar, no Centro Cívico, une o charme carioca à modernidade curitibana com samba-rock, MPB e um público animado que lota o espaço em busca de música e bons drinks.

No Boa Vista, o Quintal Maria Flor conquista pela atmosfera acolhedora e o samba que embala rodas de amigos. No Rebouças, o Dona Madalena é pura vibração jovem, com influência da boemia paulistana. E no tradicional Cristo Rei, o Bar do Preto conquista pela combinação de feijoada caprichada e samba de raiz — sempre em clima familiar. Além desses endereços fixos, o projeto Samba da Curitiba se destaca por levar o ritmo para as ruas e espaços públicos, democratizando o acesso à cultura com eventos gratuitos e artistas locais.

No coração da cidade, pontos como o Largo da Ordem, a Boca Maldita e o Mercado Municipal se tornam cenários de encontros ao ar livre aos sábados, onde o aroma da feijoada se mistura ao som dos pandeiros, unindo turistas e curitibanos em celebração à brasilidade.

Mas o samba não se limita à capital. No norte do Paraná, Londrina mantém viva uma tradição profundamente ligada à história afro-brasileira da região. O Bar Brasil, no centro da cidade, é ponto de encontro de músicos e sambistas veteranos, enquanto o projeto Quintal do Samba Londrina movimenta eventos em espaços variados — sempre com muito batuque e calor humano.

Já Maringá, no Noroeste, se firma como um dos maiores polos do samba e do pagode contemporâneo no estado. E é ali que encontramos um dos mais simbólicos redutos do samba no Paraná: a Casa da Feijoada do Paulinho. Muito mais que um restaurante, o espaço é um verdadeiro centro de encontro comunitário aos sábados, quando a tradicional feijoada da casa — considerada uma das melhores da cidade — é acompanhada por rodas de samba que atravessam a tarde. Com ambiente familiar, caipirinhas especiais e repertório que vai de Cartola a Zeca Pagodinho, a Casa do Paulinho se tornou símbolo de resistência e valorização da cultura popular maringaense.

Casa da Feijoada do Paulinho e do Paulão – Av. São Paulo, 2576 – Vila Bosque – Maringá

Outros espaços na cidade, como o Samba 10 Bar e o Quintal do Barão, também são responsáveis por manter acesa a chama do samba entre a juventude local, com shows semanais, eventos temáticos e repertórios variados que mesclam o samba raiz ao pagode moderno.

Nos Campos Gerais, Ponta Grossa preserva tradições com espaços como o Botequim do Samba, no centro da cidade, e as rodas promovidas por estudantes e coletivos culturais no campus da UEPG. A cultura universitária fortalece a cena e atrai novos públicos ao gênero.

No Oeste, Cascavel aposta na diversidade. O Cabaré do Samba e o Quintal do Samba Cascavel são endereços consagrados pelos amantes do pagode e das rodas mais animadas. São ambientes em que o samba cumpre papel de socialização e pertencimento, aproximando gerações.

Na fronteira trinacional, Foz do Iguaçu mostra que o samba também tem sotaque internacional. O Bar do Cheiro Verde e o Espaço Samba Foz reúnem brasileiros, paraguaios e argentinos em celebrações culturais que misturam batucada e multiculturalismo.

No litoral, o ritmo encontra o mar. Em Paranaguá, o projeto Samba na Ilha movimenta a Ilha dos Valadares com eventos mensais que resgatam o samba de terreiro e valorizam a cultura caiçara. Em Matinhos, o Bar do Samba do Beto é parada obrigatória para quem quer unir praia e música brasileira. Já em Guaratuba, o Samba da Baía toma conta da orla com festas populares e rodas que encantam moradores e turistas.

O samba como identidade paranaense
Mais do que entretenimento, o samba no Paraná é ferramenta de resistência, inclusão e fortalecimento das raízes negras. Nos bairros da periferia de Curitiba, como Tatuquara, Boqueirão e CIC, coletivos culturais vêm fortalecendo o ritmo como instrumento de transformação social. O carnaval paranaense, com desfiles em cidades como Paranaguá, Guarapuava e a própria capital, é reflexo da força e da longevidade dessa cultura.

O samba segue sendo ponte: entre o ontem e o amanhã, entre o terreiro e a universidade, entre a mesa da feijoada e o palco iluminado. No Paraná, ele pulsa como coração da cultura popular — e cada batida é um convite para celebrar a vida.

Reportagem e curadoria cultural por Marcello Sampaio – jornalista e CEO do Grupo GVPCom de Comunicação
Contato: (41) 3798-8651
Instagram: @marcello_sampaio_gvp
Portal: GVPCom News

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