Informações

Rua Visconde de Nácar, 1505 - Centro, Curitiba - PR, 80410-2-1, Brasil

Contato direto com nossa equipe
Escândalo no sistema prisional do Paraná: irmão de secretário de Segurança é acusado de mandar em transferências de presos e morte sob suspeita levanta denúncia de “queima de arquivo”

Um novo escândalo abala o governo Ratinho Junior (PSD) e lança sombras sobre a condução da segurança pública no Paraná. O deputado estadual Renato Freitas (PT) denunciou formalmente o secretário de Estado da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, e seu irmão, Alisson Souza de Andrade, por suspeitas graves de abuso de poder, nepotismo e influência indevida sobre decisões administrativas sensíveis do sistema penitenciário.

De acordo com documentos que vieram à tona, Alisson Andrade, atualmente com cargo comissionado na Secretaria de Estado da Administração e Previdência (Seap), estaria emitindo ordens de transferência de presos — o que é ilegal, considerando que ele não ocupa função técnica com essa atribuição. Uma dessas transferências, que ele próprio teria solicitado, acabou em tragédia.

Marlon Luiz Bairros, de 34 anos, foi transferido da Casa de Custódia de São José dos Pinhais para a Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, no dia 15 de junho de 2023. Um dia depois, apareceu morto dentro da cela. A versão oficial: suicídio por enforcamento com um lençol. Para o deputado Renato Freitas, trata-se de uma provável “queima de arquivo”.

A ordem de transferência de Marlon foi registrada em e-mail da Central de Vagas do Departamento de Polícia Penal (Deppen), que deixou explícito: o pedido partiu de Alisson Andrade. O caso levanta suspeitas sobre o uso político e pessoal do sistema carcerário como ferramenta de manipulação e silenciamento.

O Tribunal de Justiça do Paraná, por meio do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), reconheceu a gravidade do caso e o encaminhou ao Ministério Público do Paraná, destacando que cabe ao MP “tomar as providências legais necessárias”. O despacho, assinado pelo desembargador Ruy Muggiati, também foi enviado à Vara de Execuções Penais e à Corregedoria dos presídios.

A resposta do TJ-PR veio apenas para esclarecer que não determinou inquérito, mas reforçou que o material recebido “deve ser apreciado dentro das competências institucionais”.

Cadê o governador Ratinho Junior?

A denúncia expõe não apenas um esquema de favorecimento familiar, mas também revela o nível de autonomia perigosa concedido por Hudson Teixeira a pessoas próximas. A pergunta que paira no ar é: até quando o governador Carlos Massa Ratinho Junior vai fechar os olhos para os escândalos sucessivos dentro da própria estrutura do Estado?

A população exige explicações. Exige providências. Não é aceitável que o secretário continue à frente da pasta enquanto graves denúncias de ilegalidade e uma morte em circunstância suspeita atingem o núcleo familiar de sua gestão.

Falas de bastidores indicam indignação no Judiciário e no meio político. “Estamos lidando com um caso onde um cidadão morreu dentro de uma prisão pública por interferência de alguém que nem deveria ter poder para isso. Isso não é normal, isso não é burocracia. Isso é grave!”, afirmou um servidor da área penal que prefere não se identificar por temer represálias.

O que o Ministério Público está esperando para agir com firmeza?

Renato Freitas pediu auditoria completa em todas as transferências de presos nos últimos anos, investigação sobre a morte de Marlon, apuração sobre a atuação de pessoas sem competência legal, e investigação sobre possível rede de influência e omissão dentro do Deppen-PR e da Sesp. Também defendeu a criação de mecanismos de controle mais rígidos, com transparência e registros auditáveis de cada transferência de preso no estado.

A sociedade paranaense, que já enfrenta insegurança nas ruas, agora precisa lidar com a insegurança dentro das cadeias — onde a vida de um detento pode ser usada como moeda de troca por conveniências políticas.

É hora de o governador Ratinho Junior demitir o secretário Hudson Leôncio Teixeira. É hora de o Ministério Público instaurar investigação completa e pública. E é hora da imprensa, dos movimentos sociais e da sociedade cobrarem cada passo desse processo.

Enquanto o governo silencia e a Secretaria de Segurança Pública não se pronuncia, uma morte segue sem resposta — e os fantasmas de um sistema podre continuam vivos e impunes.

Por Marcello Sampaio
Jornalista Investigativo – Grupo GVPCom de Comunicação
📲 WhatsApp: (41) 3798-8651
📸 Instagram: @marcello_sampaio_gvp

Share:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *