Por Marcello Sampaio – GVPCom News | Política
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou publicamente que enviou cerca de R$ 2 milhões ao filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente se encontra nos Estados Unidos. O montante, segundo ele, teria origem nas doações de campanha para as eleições presidenciais de 2022, mesmo sem ter realizado uma campanha oficial.
A revelação foi feita durante uma conversa com apoiadores. Bolsonaro justificou a transferência alegando preocupação com o bem-estar do filho e dos netos que vivem com ele em solo norte-americano.
“Vocês sabem que lá atrás, eu não fiz campanha, mas foi depositado na minha conta R$ 17 milhões. Botei 2 milhões na conta dele. Lá fora tudo é mais caro, tenho dois netos, um de 4 e outro de 1 ano de idade. Ele está lá fora, não quero que ele passe por dificuldade”, declarou.
De acordo com Bolsonaro, a remessa de aproximadamente US$ 350 mil foi feita no último dia 13 de maio.
“É bastante dinheiro, mas nos Estados Unidos pode ser nem tanto, né?”, completou.
Relação com Trump e o Parlamento Americano
Apesar de afirmar que Eduardo tem autonomia política e “não se reporta ao pai”, Bolsonaro destacou a relação próxima do filho com figuras do Partido Republicano, como o ex-presidente Donald Trump e membros do parlamento norte-americano. Segundo ele, Eduardo tem atuado em “defesa da democracia no Brasil”, mesmo a partir do exterior.
“Ele tem uma vida política independente. Ele está vendo o pai e os problemas que enfrenta aqui no Brasil, então é solidário à minha pessoa e faz um trabalho lá no meio independente, em prol da democracia no Brasil”, declarou Bolsonaro.
Eduardo sob investigação
A situação ganha contornos mais delicados diante do fato de que o deputado Eduardo Bolsonaro é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e tramita sob sigilo.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, é o autor do pedido de investigação. Ele sustenta que Eduardo pode ter cometido crimes ao atuar junto a autoridades estrangeiras nos EUA contra ministros do STF, integrantes da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal. Entre as ações investigadas, está a tentativa de interferência diplomática para que o governo Trump impusesse sanções ao ministro Alexandre de Moraes.
Entre os crimes que estão sendo apurados pela Polícia Federal, estão:
- Coação no curso do processo
- Obstrução de investigação
- Abolição violenta do Estado democrático de Direito
Carla Zambelli entra na lista da Interpol
Durante a conversa com apoiadores, Bolsonaro também comentou rapidamente sobre a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que nesta quinta-feira (5) foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol, o que permite sua prisão fora do território brasileiro. Segundo ele, não foi questionado pela PF sobre a fuga da parlamentar para a Argentina.
Zambelli é investigada por possível participação em tramas golpistas e por desrespeito às decisões do STF. Moraes determinou sua inclusão na lista internacional após a constatação de que ela deixou o Brasil mesmo estando sob medidas cautelares.
Bolsonaro se prepara para novo depoimento ao STF
O ex-presidente afirmou ainda estar “muito feliz” por ter a oportunidade de depor na próxima semana no Supremo Tribunal Federal, agora na condição de réu por tentativa de subverter a ordem democrática. Ele se tornou formalmente acusado após o avanço da investigação sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e os movimentos anteriores à tentativa de golpe.
“Será uma oportunidade de esclarecer o que aconteceu naquele momento”, disse, em tom otimista.
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Imagens: Reprodução/Redes sociais | Edição: GVPCom