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Por Marcello Sampaio – Jornalista Investigativo | Portal GVPCOM News

Araucária (PR) – A exoneração de Tiago Francisco da Silva do cargo de secretário municipal de Inovação não apenas encerra uma gestão tecnicamente frágil, mas também escancara uma série de falhas administrativas, omissões graves e possíveis irregularidades, como a contratação emergencial sem licitação para a área de datacenter da Prefeitura.

A crise veio a público nesta semana, após a publicação de uma matéria investigativa pelo portal Araucária Sem Filtro, confirmando o que já vinha sendo alertado há meses pela coluna de bastidores do jornalista Marcello Sampaio: a secretaria criada para ser o símbolo da modernização da gestão pública terminou sendo um centro de desorganização e falta de planejamento desde o primeiro dia do ano.

A falha estrutural que virou emergência

O ponto crítico que acelerou a saída de Tiago foi o esquecimento da contratação de novos equipamentos para o datacenter, setor responsável pelo armazenamento digital de dados sensíveis da administração pública. A omissão gerou um risco de colapso nos serviços internos de secretarias como a Procuradoria Geral, Segurança Pública, Comunicação e Planejamento.

Com o prazo da licitação perdido, a gestão Tiago recorreu a uma contratação emergencial para alugar servidores e evitar a interrupção de serviços essenciais. Essa manobra, além de questionável sob a ótica da legalidade e da economicidade, impediu que o município realizasse uma concorrência que poderia garantir preços mais baixos e maior transparência.

Linha do tempo: do improviso ao colapso

  • Janeiro/2025 – Tiago Francisco assume oficialmente a recém-criada Secretaria de Inovação, sob promessa de digitalizar a administração e colocar Araucária em um novo patamar de governança.
  • Fevereiro a março – Primeiros sinais de desorganização aparecem. Licitações prometidas não são publicadas, metas não são entregues e o setor de TI da Prefeitura começa a operar sem diretrizes claras.
  • Abril/2025 – Técnicos alertam internamente que o contrato de datacenter não foi renovado nem substituído, e que o município corre risco de colapso digital.
  • Maio/2025 – Contratação emergencial é realizada às pressas. A Celepar, estatal de tecnologia do Paraná, é acionada para assumir o sistema. O secretário culpa a equipe de transição da gestão anterior, alegando que informações falsas foram repassadas.
  • 03 de junho/2025 – Após pressão política e desgaste público, Tiago Francisco entrega sua carta de exoneração.

Sem preparo e sem base técnica

Fontes internas da Prefeitura confirmaram à reportagem que o ex-secretário não tinha preparo técnico para comandar uma pasta estratégica como a de Inovação. Apesar do bom currículo no setor privado, Tiago demonstrou desconhecimento das exigências legais para processos licitatórios e falhou em montar uma equipe estruturada.

“Ele entrou com um discurso bonito, mas não tinha plano, nem domínio da máquina pública. Um gestor público precisa planejar, não improvisar”, disse um ex-servidor da pasta.

Além disso, sua ligação anterior com o ex-prefeito Hissan Hussein, derrotado por Botogoski em 2024, gerava desconfiança nos bastidores políticos, inclusive entre vereadores da base aliada.

Suspeitas de favorecimento e falta de transparência

O que mais levantou dúvidas foi o fato de a empresa contratada emergencialmente já manter vínculos com o próprio secretário em projetos anteriores, o que exige agora um acompanhamento mais atento dos órgãos de controle.

“Se há relação prévia com a empresa contratada e ele mesmo assinou essa emergência, é papel da Câmara e do Ministério Público apurarem se houve direcionamento ou não”, disse uma liderança do legislativo municipal.

Secretaria à deriva: e agora?

Sem titular no comando da pasta, a Prefeitura ainda não definiu se manterá a Secretaria de Inovação como estrutura independente ou se irá incorporá-la a outra secretaria como Planejamento ou Governo.

A ausência de resultados concretos da pasta nos primeiros cinco meses de 2025 somada ao prejuízo potencial aos cofres públicos com o contrato emergencial levantam a discussão: vale a pena manter uma secretaria que falhou em sua missão básica?

Conclusão: o legado de uma gestão improvisada

A exoneração de Tiago Francisco não foi um simples pedido de saída por “projetos pessoais”, como a nota oficial sugeriu. Foi o desfecho de uma gestão marcada por despreparo, omissão administrativa e falta de responsabilidade com o interesse público.

A pasta que deveria representar o futuro acabou soterrada por um passado mal resolvido, decisões equivocadas e a completa falta de planejamento.


Apuração exclusiva e redação: Marcello Sampaio
Edição: Redação Portal GVPCOM News

Sugestões de pauta ou denúncias: redacao@gvpcomnews.com.br

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